✨ Edição Especial 25 Anos - Aquarela e Coragem: o projeto que me apresentou ao mundo
Aquarela e Coragem: o projeto que me apresentou ao mundo
Ano 2000.
O mundo ainda era analógico, os projetos nasciam no papel manteiga, coloridos à mão com aquarela.
E eu uma estudante de Design de Interiores, carregava uma vontade imensa de transformar espaços e uma coragem que nem eu sabia que tinha.
Na época, ajudava uma amiga com a decoração da casa dela, quando uma visitante, encantada com o que viu, me fez um convite inesperado:
participar de uma concorrência para projetar toda a área comum de um novo edifício na Riviera de São Lourenço.
Era um projeto de grande porte.
Ambicioso.
E eu, tecnicamente, nem formada era.
Topei sem pensar duas vezes por impulso, por paixão, ou talvez porque desde sempre, eu soube que o design era o meu caminho.
Ao me apresentar à comissão do prédio, fui recebida com gentileza… e uma boa dose de ceticismo.
Havia outros quatro escritórios experientes de São Paulo na disputa.
E eu era apenas uma menina com ideias no papel e o coração nas mãos.
Foi então que propuseram algo inusitado e arriscado:
apresentar o projeto completo antes de qualquer contrato.
Uma prova de fogo.
Todos os outros recusaram.
Eu aceitei.
“Eles vão se apropriar das suas ideias e não vão te contratar”, me diziam.
Mas eu não tinha medo de arriscar.
Naquele momento, eu só tinha uma coisa:
a vontade irreversível de me tornar quem eu sentia que já era.
Passei dias e noites desenhando. Cinco folhas de papel A1, feitas à mão, com cada detalhe da área comum cuidadosamente aquarelado.
E então fui a São Paulo, com meu tubo de desenhos debaixo do braço e o coração batendo mais alto que o trânsito da cidade.
A comissão me recebeu.
Eu apresentei.
Eles adoraram.
A aprovação veio ali, na hora.
E com ela, um novo desafio: “ um contrato.”
Eu nunca tinha feito um contrato.
Não tinha advogado.
Abri o computador, pesquisei modelos na internet, montei o documento como pude e levei.
Eles leram.
Sorriram.
E, para minha surpresa, decidiram me ajudar: contrataram um advogado para redigir o contrato de forma adequada para mim.
Foi mais que um gesto profissional.
Foi um ato de incentivo, respeito e confiança.
E foi assim que fechei meu primeiro projeto.
Desenhei toda a área comum do edifício.
Me formei seis meses depois.
Com esse projeto, comprei o meu primeiro carro.
Mas mais do que isso:
foi a primeira vez que me senti, de fato, uma profissional.
Vieram os apartamentos dos moradores.
Vieram outros prédios.
Vieram São Paulo, Miami e depois Campinas.
Vieram os anos, os prêmios, as histórias.
Mas tudo começou ali.
Com cinco folhas A1, tinta aquarela, coragem e um prédio que escolheu acreditar.
⸻
“Às vezes, tudo que alguém precisa para começar é que alguém acredite — e que ela acredite ainda mais.”
✨ Chronicles of Luxury – 25th Anniversary Special Edition
Watercolors & Courage: The Project That Introduced Me to the World
Year 2000.
The world was still analog, and design projects were born on tracing paper, hand-colored with watercolors.
I was still an Interior Design student, carrying a huge desire to transform spaces — and a kind of courage I didn’t even know I had.
At the time, I was helping a friend decorate her home when a visitor, enchanted by what she saw, made me an unexpected offer:
to join a competition for the design of all common areas in a new residential building in Riviera de São Lourenço.
It was a large-scale project.
Ambitious.
And technically, I wasn’t even a graduate yet.
I accepted without hesitation — perhaps out of impulse, passion, or maybe because deep down, I had always known that design was my path.
When I introduced myself to the building’s board, I was welcomed with kindness… and a good dose of skepticism.
There were four experienced firms from São Paulo in the running.
And I was just a young woman with ideas on paper and a heart full of hope.
Then they proposed something unusual and risky:
To present the full project before signing any contract.
A trial by fire.
The other offices declined.
I accepted.
“They’ll steal your ideas and never hire you,” people warned me.
But I wasn’t afraid to take the risk.
At that moment, I had only one thing:
The irreversible will to become who I already felt I was.
I spent days and nights drawing.
Five A1 sheets, hand-rendered, with every detail of the common areas carefully painted in watercolor.
Then I went to São Paulo with my drawing tube under my arm and my heart pounding louder than the city’s traffic.
The board received me.
I presented.
They loved it.
Approval came right then and there.
And with it, a new challenge: a contract.
I had never made one.
I had no lawyer.
So I opened my laptop, looked up templates online, drafted something the best I could, and brought it back.
They read it.
They smiled.
And to my surprise, they offered to help:
They hired a lawyer to write the contract properly for me.
It was more than a professional gesture.
It was a gesture of respect, encouragement, and trust.
And that’s how I closed my first project.
I designed the entire common area of the building.
I graduated six months later.
With that project, I bought my first car.
But more than that:
It was the first time I truly felt like a professional.
Then came the individual apartments.
Then other buildings.
Then São Paulo, Miami, and eventually, Campinas.
Then came the years, the awards, the stories.
But it all began there.
With five A1 sheets, watercolor paint, courage and a building that chose to believe.
⸻
“Sometimes, all someone needs to begin… is for someone to believe and for her to believe even more.”
